quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Divagações gerais I (modificado de idéia lançada num email enviado a uma amiga)

Sobre a forma de tratar as pessoas: consigo fazer uma boa diferenciação entre respeito formal apenas por convenção, e respeito mesmo, que abrange, inclusive, saber que, independente de quantos filhos temos e que papéis assumimos (por destino, por opção ou por imposição) na vida, todos deveríamos ser eternos jovens em nossas mentes. Às vezes trato alguém com mais formalidade pelo lugar, pela posição, mas gostaria de tratar todo mundo por você, ou tu, com todo o respeito que é possível, mas deixamos parecer que não, nos fechando em cascas sem graça: Senhor, Senhora, Doutor, Meritíssimo, Excelência. É massa poder presenciar alguém do interior daqui (Paraíba) tentando acertar essas frescuras e chamando uma juíza de meretríssima, ou um juiz de incelença.

Dia desses estava com minha enteada num consultório, e quando perguntei ao jovem médico (bem mais novo que eu) qual era seu nome, ele respondeu: - Doutor Francisco! Eu, provocador sutil, sem repetir o título pomposo pelo qual ele gostaria de ser tratado, emendei: - Então, Francisco, ela machucou esse dedo estalando as juntas... o próximo passo será tratar um juiz por você. Será que ele vai me dar voz de prisão? Mas antes eu repasso para um histórico do termo você, mostrando que se origina do pomposo "Vossa Mercê", que já vinha de outras palavras, e que é bem melhor do que a intimidade do "tu", pelo menos para nós paraibanos, que usamos o tu para os íntimos, conjugando geralmente e erroneamente como terceira pessoa. Só um paraibano com um amigo mais chegado para dizer: tu é lasca, visse? (e não: tu és lasca). Essa frase do exemplo às vezes é puro elogio, e só a gente aqui entende mesmo.

2 comentários:

Waltécio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Waltécio disse...

Aqui na URCA agora é clássica a história da professora que logo ao voltar de seu doutorado em 2004, ficou surpresa com a classificação dos professores que concorreram à orientação das bolsas de iniciação científica. Na Biologia, um mestre (que era doutorando) ficou com o primeiro lugar.

Em uma reunião ela disparou: "quem é esse 'mestre merdinha', para ficar na minha frente, que sou doutora?!"

Eu estava lá e comentei: "o currículo desse mestre é maior em pontuação do que o meu e o seu juntos".

Eu era um recém-doutor, tinha terminado meu curso em agosto de 2003... mas tinha apenas um artigo publicado. O título pelo título não era nada... e ela deveria saber que doutorado é apenas um curso de qualificação profissional... Apenas pelo diploma não coloca ninguém acima de ninguém... Muito pelo contrário, traz responsabilidades para cumprir a qualificação que se obteve.

Ela mesma esqueceu que foi mestre por um longo tempo de sua vida profissional e até hoje a doutora não produziu um único artigo internacional, tão pouco um nacional com a relevância que aquele mestre possuía(*).

Ah! E tinha outro "monstrinho" aqui que falava em 2002-2003: "na URCA de poucos doutores, componho a elite superior desta universidade". Segundo me contaram, esse mesmo professor de sua "elite imaginária" espancou seu filho e achava isso um exemplo de educação... Putz!

Duas pequenas histórias entre tantas que ouvi e vi! Você deve ter as suas, como muito bem escreveu!!!

Um grande abraço, meu velho amigo!

Waltécio

(*) Hoje doutor e professor da UFPB - Campus I.